Amor Sombrio
Capítulo 9

Uma festa formal não foi o que Lis avistou ao passar pelas enormes portas do salão do edifício principal da universidade, onde estudaria. Na universidade de Cambridge.

O extravagante salão resplandecia elegância e estilo diante das luzes, dos quadros, das cores e das pessoas a sua volta. Assim que entraram acompanhados a distancia por Sebastian, Lis, percebeu os olhares das pessoas se voltarem em sua direção. O vestido que havia escolhido era preto com uma fenda na perna direita, o decote era em forma de coração e suas alças finas lhe davam um ar mais sensual do que pretendia. Seus cabelos manteve soltos e uma maquiagem simples iluminava a sua face. Enquanto Michael havia se arrumado exatamente como um príncipe deveria. Ele estava elegante e mesmo que ela estivesse distante dele, conseguia perceber o quão cara havia sido suas roupas. Seu paletó feito sob medida, sua blusa social azul e sua gravata pareciam custar mais do que todas as roupas que havia levado consigo.

Lis fez uma pequena careta ao sentir a mão de Michael ir de encontro a sua cintura, aproximando os seus corpos.

— Seja um bom cachorrinho — Michael sussurrou em seu ouvido assim que viu um homem caminhar em sua direção acompanhado por uma mulher loira de corpo sensual. — Tulio, é sempre bom vê-lo — A voz educada do príncipe fez com que Lis o olhasse realmente surpresa com a sua transformação. — Estou ansioso para escutar suas histórias — Virou-se para Lis sorridente — Tulio é um amante de aventuras, sempre faz algo novo & excitante.

— E pelo que me lembre, prometeu ir comigo até o Nepal — Tulio falou sorrindo ao olhar pra Lis de soslaio tentando manter-se discreto ao admirá-la. Ele se perguntava como seria a personalidade da noiva do Demichael, uma forma como os amigos haviam apelidado o príncipe Michael August Stone. — Quando finalmente irá?

— Quando Lis se juntar a nós — Michael apertou a sua cintura com mais força do que necessário, sorrindo ao ver o olhar que ela lhe lançou. Um olhar repleto de raiva e repugnância. — O que acha, querida?

O que Lis desejava era poder empurrá-lo em frente a aquelas pessoas, contudo se viu sorrindo como uma atriz.

— Esse tipo de atividade, não é muito para mim. Sou péssima em permanecer caminhando durante longas horas, mas farei o possível para que Michael vá com você.

— Já gostei dela — Tulio sorriu ainda mais ao encará-la. — Soube que vai começar a estudar direito aqui em Cambridge. Como se sente? Me formei em direito aqui tem cinco anos.

— Isso é incrível — Lis murmurou com os olhos brilhantes. — E como foi? Eu... — se viu hesitando ao olhar em volta.

— O que acha de conversamos em outra ocasião? Vou adorar falar sobre a minha experiência aqui e lhe dar algumas dicas — Tulio disse ao retirar um cartão de visita de seu paletó. — Ligue e vamos conversar, não esqueça.

— Não vou, muito obrigada — Sorriu largamente ao segurar o cartão de visita animada sem perceber o olhar de desprezo que Michael lhe lançava. — Eu realmente estou feliz agora — Se viu falando ao sorrir largamente, contudo sua expressão mudou assim que encarou Michael — Eu não devo falar com seus amigos? — Perguntou com escarnio ao revirar os olhos. — Provavelmente deve ter medo de que eles descubram a verdade, o quão doente você é.

Lis estava preparada para qualquer reação de seu noivo, porém ele sorriu. Um sorriso galante que a fez o temer. Lis sempre soube o quão perigoso um animal se tornava assim que era encurralado.

— Quando estivermos a sós, sabe que irá sofrer, não é? — A voz de Michael a fez dar um passo para trás. Ela o temia. Por mais que ela o enfrentasse, sabia o quão insano era o seu comportamento.

— Se fizer algo, irei a polícia.

— Deve ser realmente ingênua ao pensar que alguém irá ajuda-la. — Se aproximou dela, abaixou a cabeça e sussurrou em seu ouvido — Você é um nada. Ninguém vai ajudá-la.

— É o único que está enganado aqui — Sorriu atrevida ao se afastar dele — Vou fazer algo mais interessante agora — Disse antes de se afastar. Seus olhos percorreram o salão temendo que Michael a seguisse, colocasse suas mãos envolta de sua cintura e a apertasse como se fosse um objeto. — Eu realmente o odeio — Murmurou ao parar em frente a um garçom e pegar uma taça de champanhe. Engoliu a bebida o mais rápido que conseguiu tossindo em seguida. A bebida estava mais gelada do que esperava.

— Problemas? — A pergunta soou gentil fazendo com que ela se virasse e encarasse Tulio, o amigo de Michael. — Deveria ir embora ou pode Conversar sem ele estar por perto? — Sorriu largamente.

Lis se manteve séria ao encarar Tulio, indagando-se o quão louca poderia estar ao considerar conversar com ele.

Ela estava prestes a dar uma desculpa qualquer quando Tulio fez uma careta.

— Desculpe, eu devo estar sendo inapropriado. Demichael sempre falava isso quando estudávamos juntos.

— Demichael?

— Sim, algo como Michael demônio. Todos o conheciam assim, sabe? Ele nunca foi muito popular ou natural. — Lis prestou atenção a cada palavra que Tulio dizia com entusiasmo — Mas estou feliz que finalmente tenha encontrado alguém.

Lis não soube o que dizer, limitando-se a sorrir sem graça. Ela não esperava que alguém realmente gostasse de Michael.

— Parece que realmente são amigos.

— Sim, é claro! — Sorriu — Michael é meio estranho ás vezes, mas é uma boa pessoa.

Talvez com você.

Lis pensou tentando sorrir ao desviar o olhar. Ela desejava ir embora. Ela desejava se afastar de tudo. Suspirou ao manter a sua atenção em uma porta lateral.

— Preciso ver alguém — Disse para Tulio ao se afastar dele, se dirigiu para a porta ansiosa e quando a abriu, se viu sozinha em um pequeno escritório repleto de livros nas paredes. — Liberdade — Murmurou ao sorrir verdadeiramente. Sentou-se no sofá de couro e simplesmente manteve seus olhos fixos nos livros. A sensação de calma e silencio a fazia relaxar e esquecer seus problemas. Esquecer que logo deveria fugir de seu noivo por temer o que ele poderia fazer com ela. — Isso é realmente ridículo. — Se viu falando ao fechar os olhos, acomodou-se melhor no sofá deixando que sua casa pendesse para trás. Contudo, o som da porta sendo aberta a fez abrir os olhos e encarar o homem que a olhou com curiosidade.

— Precisa de ajuda? — Sebastian perguntou ao fechar a porta atrás de si — O príncipe lhe fez algo?

— Não ainda — Confessou ao encará-lo. Sebastian mantinha o seu olhar fixo nela — Imagino que Michael tenha lhe enviado para descobrir onde eu estava.

— Está enganada, senhorita. Percebi a sua ausência e vim procura-la. Temia que estivesse com problemas.

— Estou com problemas desde que você apareceu — O encarou extremamente séria. Ela percebeu o modo como os olhos de Sebastian se desviaram e uma linha se formou em sua testa. Ele estava ficando nervoso, talvez. — O que realmente estava procurando quando veio atrás de mim? Não tinha motivos para vir até esta sala.

Sebastian suspirou ao perceber o quanto ela se parecia com Michael. Os dois analisavam as situações estrategicamente e friamente.

— Estava evitando um escândalo.

— Com o amigo de Michael, suponho — Sebastian confirmou — Vocês deveriam parar de serem tão doentes. Eu já estou vivendo esse problema e não é como se quisesse outro. Eu só queria descansar — Desabafou ao olhar para o teto — Mas parece ser algo impossível. Relaxar ao conviver com a realeza.

— Ficarei do lado de fora da porta, fique o tempo que precisar — Sebastian falou antes de sair, a deixando sem palavras.